A doença do refluxo gastro-esofágico (DRGE) está presente quando os episódios de refluxo são responsáveis por alterações relacionadas à nutrição, ao esôfago, à função respiratória ou ao aparecimento de sintomas neurocomportamentais. Deve-se suspeitar quando os sintomas não melhoram após seis meses de idade, não respondem às medidas posturais e dietéticas e quando estão presentes repercussões clínicas, como parada do crescimento ou sintomas sugestivos de esofagite (inflamação do esôfago), como, por exemplo, azia, irritabilidade, dor e queimação no peito ou manifestações respiratórias. Ou pode manifestar-se de forma oculta, posteriormente sendo diagnosticado devido a suas consequências ou complicações.
As taxas mais elevadas da DRGE são observadas em crianças com transtornos do desenvolvimento e neuromusculares, como a distrofia muscular, a paralisia e o sofrimento cerebral. Também observamos em crianças portadoras de síndrome de Down, portadores de outras anormalidades motoras do esôfago e portadores de Fibose Cística.
As crianças em idade pré-escolar com DRGE podem apresentar regurgitações intermitentes. Menos comumente, elas podem ter complicações respiratórias, diminuição da ingestão alimentar, diminuição do ganho de peso ou aversão a alimentos sem quaisquer outras queixas. Um sintoma mais específico da DRGE é a síndrome de Sandifer, caracterizada por uma postura incomum, consistindo de arqueamento das costas, torção do pescoço e levantando-se do queixo. As crianças em idade escolar e os adolescentes apresentam sintomas semelhantes ao observado em adultos, como azia e/ou regurgitação. Assim como os sintomas, podemos observar as complicações da DRGE, incluindo esofagite, estenoses, esôfago de Barrett e rouquidão, devido à laringite induzida por refluxo. As crianças mais velhas podem se queixar de náuseas, disfagia (dificuldade para engolir) e/ou dor epigástrica, mas muitos pré-adolescentes não vão localizar a dor e vão relatar desconforto abdominal difuso.
As crianças pequenas ou não-verbais podem ser observados batendo seu peito. A DRGE é comum nos autistas e pode se manifestar apenas por comportamentos inexplicáveis ou autoprejudiciais.
Para o diagnóstico inicial da DRGE, é necessário história clínica e exame físico completo. A avaliação inicial aponta para a identificação dos pontos positivos pertinentes à confirmação da DRGE e de suas complicações e dos pontos negativos, que podem tornam o diagnóstico improvável.
É extremamente importante ter conhecimento das características dos exames que são usados para avaliar os indivíduos com sintomas de refluxo gastroesofágico (RGE) ou doença do refluxo gastroesofágico (DRGE), como mostra na tabela 2. A abordagem clínica para selecionar entre os exames depende das características presentes em cada paciente.
O tratamento empírico da supressão ácida é frequentemente utilizado como um teste de diagnóstico e é sugerido para crianças mais velhas e adolescentes com azia. O tratamento consiste no uso de medicações.
A investigação diagnóstica e o tratamento deve ser abordado e orientado durante a consulta médica. É importante você mamãe e você papai questionar o seu pediatra ou o especialista na área de atuação em Gastroeenterologia Pediátrica sobre suas dúvidas em relação o quadro do seu filho.
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Dr. Mateus Andrade
Pediatra, Gastroenterologia Infantil – CRM 116585
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